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CAPÍTULO 7

Bill encontrou-se em um mar de olhos azuis, nenhum deles era natural. Ele não costumava ter pesadelos sobre seus casos e não estava tendo um agora – mas, com certeza, parecia um. Aqui, no meio da loja de bonecas, pequenos olhos azuis estavam simplesmente em todos os lugares, todos eles bem abertos e brilhantes e alertas.

Os diminutos lábios rubis-vermelhos das bonecas, a maioria deles sorrindo, eram um incômodo também. Assim como os cabelos artificiais meticulosamente penteados, tão rígidos e imóveis. Absorvendo todos esses detalhes, Bill perguntou-se como ele não conseguira perceber a intenção do assassino – de fazer suas vítimas parecerem com bonecas o máximo possível. Ele precisou de Riley para fazer essa conexão.

Graças a Deus ela está de volta, ele pensou.

Ainda assim, Bill não podia deixar de se preocupar com ela. Ele tinha ficado deslumbrado com seu brilhante trabalho lá no Parque Mosby. Mas, depois, quando ele a levou para casa, ela parecia exausta e desmoralizada. Ela mal lhe dissera uma palavra durante toda a viagem de carro. Talvez tivesse sido demais para ela.

Mesmo assim, Bill desejou que Riley estivesse ali agora. Ela tinha decidido que seria melhor eles se separarem para cobrir mais terreno mais rapidamente. Ele não podia discordar disso. Ela pediu-lhe para analisar as lojas de bonecas na área enquanto ela iria revisitar a cena do crime que eles tinham examinado há seis meses.

Bill olhou em volta e, sentindo sua cabeça sobrecarregada, imaginou o que Riley encontraria naquela loja de bonecas. Era a mais elegante das que ele tinha visitado hoje. Ficava em um canto da Capital Beltway, a loja provavelmente recebia um monte de clientes ricos de condados do norte de Virgínia.

Ele caminhou ao redor, investigando. Uma boneca pequena de menina chamou sua atenção. Com seu sorriso empinado e pele pálida, especialmente lhe lembrou da última vítima. Apesar de estar totalmente vestida com um vestido rosa com vários laços na gola, punhos e bainha, ela também estava sentada em uma posição perturbadoramente similar.

De repente, Bill ouviu uma voz à sua direita.

"Acho que você está procurando na seção errada."

Bill virou-se e viu-se diante de uma pequena mulher robusta, com um sorriso caloroso. Algo sobre ela lhe dizia que ela era a encarregada dali.

"Por que você acha isso?" Bill perguntou. A mulher riu.

"Porque você não tem filhas. Posso ver que um homem não tem filhas a uma milha de distância. Não me pergunte como, é apenas algum tipo de intuição, eu acho."

Bill estava atordoado pela percepção dela e muito impressionado.

Ela ofereceu sua mão a Bill.

"Ruth Behnke," disse ela. Bill apertou a mão dela.

"Bill Jeffreys. Acho que você é a dona dessa loja."

Ela riu novamente.

"Vejo que você tem algum tipo de instinto, também," ela falou. "Prazer em conhecê-lo. Mas você tem filhos, não é? Três, eu acho."

Bill sorriu. Seus instintos eram bastante afiados, tudo bem. Bill percebeu que ela e Riley iriam desfrutar a companhia uma da outra.

"Dois," ele respondeu. "Mas bem perto."

Ela riu.

"Quantos anos?" Ela perguntou.

"Oito e dez."

Ela olhou ao redor do lugar.

"Eu não sei se tenho muita coisa para eles aqui. Ah, na verdade, tenho alguns soldados pitorescos de brinquedo no próximo corredor. Mas os meninos não gostam mais desse tipo de coisa, não é? Só querem saber de jogos de vídeo game hoje em dia. E aqueles violentos."

"Temo que sim."

Ela olhou para ele de forma avaliadora.

"Você não está aqui para comprar uma boneca, né?" Ela perguntou.

Bill sorriu e balançou a cabeça.

"Você é boa," ele respondeu.

"Você é um policial, talvez?" Ela perguntou.

Bill riu baixinho e pegou seu distintivo."

Não exatamente, mas um bom palpite."

"Ah, meu Deus." ela disse, preocupada. "O que o FBI quer com a minha lojinha? Eu estou em algum tipo de lista? "

"De certa forma," disse Bill. "Mas não é nada para se preocupar. Sua loja surgiu em nossa busca de lojas nesta área que vende bonecas antigas e colecionáveis."

Na verdade, Bill não sabia exatamente qual ele estava procurando. Riley tinha sugerido que ele fosse para alguns desses lugares, supondo que o assassino poderia ter frequentado, ou pelo menos visitado em alguma ocasião. O que ela estava esperando, ele não sabia. Ela estava esperando que o assassino estivesse lá? Ou que um dos funcionários conhecesse o assassino?

Duvidoso que sim. Mesmo que tivessem, era improvável que o pensariam como um assassino. Provavelmente todos os homens que iam ali, se houvesse algum, eram esquisitos.

Era mais provável que Riley estivesse tentando conseguir mais visões de dentro da mente do assassino, sua maneira de olhar o mundo. Se for isso mesmo, Bill achou que ela ia acabar decepcionada. Ele simplesmente não tinha a mente dela, nem o talento para entrar facilmente nas cabeças dos assassinos.

Parecia-lhe que ela estava tentando obter mais informações. Havia dezenas de lojas de bonecas dentro do raio que eles estavam procurando. Seria melhor, pensou ele, deixar a equipe forense continuar rastreando os fabricantes da boneca. Apesar de, até agora, nada ter sido encontrado.

"Eu ia perguntar que tipo de caso é," disse Ruth, "mas eu provavelmente não deveria." "Não," Bill disse, "você provavelmente não deveria."

Não que o caso fosse um segredo – não depois que o pessoal do senador Newbrough tinham colocado um comunicado de imprensa sobre o assunto. A mídia agora estava saturada com a notícia. Como de costume, o Escritório estava tremendo sob um ataque de dicas de telefone errôneas e a internet estava repleta de teorias bizarras. A coisa toda tinha se tornado uma dor.

Mas por que contar à mulher sobre isso? Ela parecia tão boa, sua loja tão íntegra e inocente, que Bill não queria aborrecê-la com algo tão triste e chocante como um assassino em série obcecado por bonecas.

Ainda assim, havia uma coisa que ele queria saber.

"Diga-me uma coisa," pediu Bill. "Quantas vendas você faz para adultos – quero dizer adultos sem filhos?"

"Oh, essas são a maioria das minhas vendas, de longe. Para colecionadores."

Bill ficou intrigado. Ele nunca teria imaginado isso.

"Por que você acha que é isso?" Ele perguntou.

A mulher sorriu, um sorriso distante e estranho e falou num tom suave.

"Porque as pessoas morrem, Bill Jeffreys."

Agora Bill estava realmente assustado.

"Perdão?" Disse ele.

"À medida que envelhecemos, nós perdemos pessoas. Nossos amigos e entes queridos morrem. Ficamos de luto. As bonecas param o tempo para nós. Elas fazem-nos esquecer da nossa dor. Elas nos confortam e nos consolam. Bem, olhe à sua volta. Eu tenho bonecas que tem mais de um século de idade e algumas que são quase novas. Entre elas, você provavelmente não consegue dizer a diferença. São eternas."

Bill olhou ao seu redor, assustado com todos aqueles olhos centenários olhando para ele, perguntando-se quantas pessoas aquelas bonecas teriam sobrevivido. Ele se perguntou o que elas haviam testemunhado – o amor, a raiva, o ódio, a tristeza, a violência. E, ainda assim, elas o encaravam com a expressão vazia. Elas não faziam sentido para ele.

Pessoas tem que envelhecer, ele pensou. Elas devem ficar velhas e enrugadas e grisalhas, como ele o fizera, devido a todo o mal e horror que havia no mundo. Dado tudo o que ele tinha visto, seria um pecado, ele pensou, se ele ainda parecesse o mesmo. As cenas dos assassinatos tinham invadido seu interior como se fossem um animal vivo, o fizeram desejar não ser mais jovem.

"Elas também – não estão vivas," Bill disse finalmente.

Seu sorriso virou agridoce, quase com pena.

"Isso é verdade, Bill? A maioria dos meus clientes não pensa assim. Eu também não tenho certeza quanto mim."

Um estranho silêncio se seguiu. A mulher o rompeu com uma risada. Ela ofereceu a Bill um pequeno folheto colorido com várias fotos de bonecas estampadas.

"Acontece que eu estou indo para a próxima convenção em D.C. Talvez você também queira ir. Talvez lhe dê alguma ideia para sua investigação."

Bill agradeceu e saiu da loja, grato pela dica sobre a convenção. Ele esperava que Riley fosse com ele. Bill lembrou que ela deveria entrevistar o senador Newbrough e sua esposa à tarde. É um compromisso importante – não apenas porque o senador pode ter boas informações, mas por razões diplomáticas. Newbrough realmente estava complicando a situação do Escritório. Riley foi a única agente a convencê-lo de que eles estavam fazendo tudo o que podiam.

Mas ela realmente iria aparecer? Bill se perguntou.

Parecia-lhe muito bizarro ele não ter certeza sobre isso. Até seis meses atrás, Riley era a única coisa confiável em sua vida. Ele sempre confiou plenamente nela. Mas sua óbvia angústia o preocupava.

Mais do que isso, ele sentia falta dela. Intimidade como ele às vezes ficava com sua mente brilhante, ele precisava dela em um trabalho como aquele. Durante as últimas seis semanas, ele também percebeu que precisava de sua amizade.

Ou, no fundo, era mais do que isso?

CAPÍTULO 8

Riley dirigia pela estrada de duas pistas, saboreando sua bebida energética. Era uma manhã ensolarada e quente, as janelas do carro estavam abaixadas e o cheiro quente de feno recém-embalado enchiam o ar. As pastagens de tamanho modesto das redondezas estavam pontilhadas com gado e as montanhas enquadravam ambos os lados do vale. Ela gostava dali.

Mas ela lembrou a si mesma que não tinha ido ali para se sentir bem. Ela tinha um trabalho difícil a fazer. Riley entrou em uma estrada bem revestida de cascalho e, depois de um minuto ou dois, ela chegou a um cruzamento. Ela virou-se para o parque nacional, dirigiu uma curta distância e parou seu carro na curva inclinada da estrada.

Ela saiu do carro e atravessou uma área aberta até um robusto e alto carvalho que ficava no canto nordeste.

Aquele era o lugar. O lugar onde o corpo de Eileen Rogers tinha sido encontrado – deixado bastante desajeitado naquela árvore. Ela e Bill tinham estado ali juntos há seis meses. Riley começou a recriar a cena em sua mente.

A maior diferença era o clima. Naquela época, era meados de dezembro e estava muito frio. Uma camada fina de neve cobria o chão.

Volte, disse a si mesma. Volte e sinta.

Ela respirou fundo, inspirou e expirou, até pensar que estava sentindo uma frieza ardente passando por sua traqueia. Ela quase podia ver as espessas nuvens de geada formando a cada respiração.

O cadáver nu tinha sido congelado. Não era fácil dizer qual das muitas lesões corporais eram ferimentos de faca e quais eram feridas e fissuras causadas pelo frio gelado.

Riley remontou a cena de volta, até o último detalhe. A peruca. O sorriso pintado. Os olhos costurados abertos. A rosa artificial deitada na neve entre as pernas abertas do cadáver.

A imagem em sua mente estava agora suficientemente vívida. Agora ela tinha que fazer o que ela tinha feito ontem – ter uma noção do que o assassino viveu.

Mais uma vez, ela fechou os olhos, relaxou e desceu pelo abismo. Ela acolheu aquela sensação de tontura, sentindo uma vertigem ao escorregar dentro da mente do assassino. Muito em breve, ela estaria com ele, dentro dele, vendo exatamente o que ele viu – sentindo o que ele sentiu.

Ele estava dirigindo ali, à noite, sentindo-se qualquer coisa, menos confiante. Ele olhava para a estrada ansioso, preocupado com o gelo sob suas rodas. E se ele perdesse o controle, derrapasse em uma vala? Ele tinha um cadáver a bordo. Seria pego com certeza. Precisava dirigir com cuidado. Ele esperava que seu segundo assassinato fosse mais fácil do que o primeiro, mas ele ainda estava uma pilha de nervos.

Parou o veículo bem aqui. Arrastou o corpo da mulher – já nu, Riley imaginou – adivinhou – para o local aberto. Mas ele já estava endurecido devido ao rigor mortis. Ele não tinha contado com isso. Isso o frustrava, perturbava sua confiança. Para piorar a situação, ele não podia ver direito o que estava fazendo, nem mesmo sob a luz dos faróis que ele deixou na direção da árvore. A noite estava muito escura. Ele fez uma nota mental para fazer isso à luz do dia da próxima vez se pudesse.

Arrastou o corpo para a árvore e tentou colocá-lo na pose que ele tinha imaginado. As coisas não correram nada bem. A cabeça da mulher estava inclinada para a esquerda, paralisada pelo rigor mortis. Ele puxou e torceu. Mesmo depois de quebrar seu pescoço, ele ainda não conseguiu deixá-la olhando para a frente.

E como ele deveria afastar as pernas dela corretamente? Uma das pernas estava irremediavelmente torta. Ele não tinha escolha a não ser pegar um pé de cabra do seu porta-malas e quebrar a coxa e o joelho dela. Em seguida, ele torceu a perna do jeito que conseguiu, mas não ficou como queria.

Por fim, ele obedientemente deixou a fita em torno de seu pescoço, a peruca em sua cabeça e a rosa na neve. Então ele entrou em seu carro e foi embora. Ele ficou desapontado e desanimado. E também estava com medo. Em toda a sua falta de jeito, será que ele tinha deixado alguma pista crucial para trás? Ele obsessivamente repetiu a ação toda em sua mente, mas não conseguiu ter certeza.

Ele sabia que precisaria fazer melhor da próxima vez. E prometeu a si mesmo em melhorar.

Riley abriu os olhos. Ela deixou a presença do assassino desaparecer. Estava satisfeita consigo mesma agora. Não se deixou ficar abalada e oprimida. E ela tinha conseguido alguma perspectiva valiosa. Ela conseguiu uma noção de como o assassino estava aprendendo seu ofício.

Só desejou saber algo mais – qualquer coisa – sobre seu primeiro assassinato. Ela estava mais certa do que nunca de que ele havia matado antes. Este tinha sido o trabalho de um aprendiz, mas não de um novato.

Assim que Riley estava prestes a virar e caminhar de volta para o seu carro, algo na árvore chamou sua atenção. Era uma pequena pitada de amarelo saindo de onde o tronco se dividia ao meio, um pouco acima de sua cabeça.

Ela caminhou até o outro lado da árvore e olhou para cima.

"Ele voltou para cá!" Riley ofegou em voz alta. Calafrios percorreram seu corpo e ela olhou à sua volta nervosamente. Ninguém parecia estar por perto agora.

Aninhada no galho de uma árvore, olhando para Riley, estava uma boneca nua, com cabelo louro, com a mesma pose com a que o assassino tinha a intenção de colocar a vítima.

Não poderia estar ali há muito tempo – três ou quatro dias, no máximo. Ela não havia sido deslocada pelo vento nem manchada pela chuva. O assassino tinha voltado para aquele lugar quando estava se preparando para o assassinato de Reba Frye. Da mesma maneira que Riley tinha feito, ele tinha voltado ali para refletir sobre seu trabalho, analisar criticamente os seus erros.

Ela tirou fotos com seu telefone celular. Ia mandá-las imediatamente para o Escritório. Riley sabia por que ele tinha deixado a boneca.

É uma desculpa pelo desleixo passado, ela percebeu.

Era também uma promessa de que um melhor trabalho estava por vir.

CAPÍTULO 9

Riley dirigiu em direção à mansão do senador Mitch Newbrough e seu coração se encheu de medo quando ela apareceu. Situada no final de uma longa estrada arborizada, ela era enorme, formal e assustadora. Ela sempre achou que os ricos e poderosos eram mais difíceis de lidar do que as pessoas de níveis mais abaixo na escada social.

Ela parou e estacionou em um círculo bem cuidado na frente da mansão de pedra. Sim, esta família era muito rica, de fato.

Ela saiu do carro e caminhou até as enormes portas da frente. Depois de tocar a campainha, foi recebida por um homem bem-apessoado de cerca de trinta anos.

"Eu sou Robert," disse ele. "O filho do senador. E você deve ser a agente especial Riley. Entre. Minha mãe e meu pai estão esperando por você."

Robert Newbrough conduziu Riley para dentro da casa, o que a fez se lembrar imediatamente o quanto ela não gostava de casas ostensivas. A casa dos Newbrough era especialmente cavernosa, e a caminhada para onde quer que o senador e sua esposa estivessem esperando era desagradavelmente longa. Riley tinha certeza de que fazer os convidados caminharem uma distância inconveniente daquelas era uma espécie de tática de intimidação, uma forma de comunicar que os moradores daquela casa eram muito poderosos para serem enfrentados. Riley também achou o mobiliário e a decoração colonial onipresente realmente bem feios.

Mais do que qualquer outra coisa, ela temia o que estava por vir. Para ela, conversar com as famílias das vítimas era simplesmente horrível – muito pior do que lidar com cenas de assassinato ou mesmo cadáveres. Ela achava fácil ser envolvida pela tristeza, raiva e confusão das pessoas. Tais emoções intensas destruíam sua concentração e a desviavam de seu trabalho.

Enquanto caminhavam, Robert Newbrough disse: "Meu pai veio de Richmond para casa desde…"

Ele engasgou um pouco no meio da frase. Riley podia sentir a intensidade de sua perda.

"Desde que ouvi sobre Reba," continuou ele. "Foi terrível. Minha mãe está especialmente abalada. Tente não a incomodar muito."

"Eu sinto muito pela sua perda," disse Riley.

Robert ignorou-a e levou Riley até uma espaçosa sala de estar. O senador Mitch Newbrough e sua esposa estavam sentados juntos em um enorme sofá segurando as mãos um do outro.

"Agente Paige," Robert disse, apresentando-a. "Agente Paige, deixe-me apresentar os meus pais, o senador e sua esposa, Annabeth."

Robert ofereceu um assento a Riley e, em seguida, sentou-se também.

"Em primeiro lugar," disse Riley calmamente, "minhas sinceras condolências pela sua perda."

Annabeth Newbrough respondeu com um aceno silencioso de reconhecimento. O senador apenas ficou olhando fixamente para a frente.

No breve silêncio que se seguiu, Riley fez uma avaliação rápida de seus rostos. Ela tinha visto Newbrough na televisão muitas vezes, sempre com o sorriso insinuante de um político. Ele não estava sorrindo agora. Riley nunca tinha visto tanto a Sra. Newbrough, que parecia possuir a docilidade típica da esposa de um político.

Ambos estavam em seus sessenta e poucos anos. Riley reparou que eles se esforçavam e gastavam muito para parecerem mais jovens – implantes de cabelo, tintura de cabelo, plásticas, maquiagem. Na opinião de Riley, tais esforços haviam deixado a aparência dos dois vagamente artificial.

Como bonecas, Riley pensou.

"Eu tenho que lhes fazer algumas perguntas sobre a sua filha," disse Riley, tirando seu notebook. "Vocês estiveram em estreito contato com Reba recentemente?"

"Oh, sim," disse a Sra. Newbrough. "Somos uma família muito unida."

Riley observou uma ligeira rigidez na voz da mulher. Soou como algo que ela falasse um pouco demais, um pouco rotineiro demais. Riley sentiu certeza de que a vida familiar na casa dos Newbrough estava longe de ser ideal.

"Será que Reba não disse nada recentemente sobre estar sendo ameaçada?" Riley perguntou.

"Não," respondeu a Sra. Newbrough. "Nenhuma palavra."

Riley observou que o senador não tinha dito nenhuma palavra até agora. Ela se perguntou por que ele estava tão tranquilo. Ela precisava que ele falasse, mas como?

E então Robert falou.

"Ela tinha passado por um divórcio conturbado recentemente. As coisas ficaram feias entre ela e Paul sobre a custódia de seus dois filhos."

"Oh, eu nunca gostei dele," comentou a Sra. Newbrough. "Ele tinha um tipo de temperamento. Você acha que possivelmente -?" As palavras dela desapareceram.

Riley balançou a cabeça.

"O ex-marido não é um provável suspeito," disse ela.

"Por que diabos não?" Perguntou a Sra. Newbrough.

Riley pesou em sua mente o que ela podia e o que não podia contar.

"Você pode ter lido que o assassino já apareceu antes," disse ela. "Houve uma vítima semelhante perto de Daggett."

A Sra. Newbrough estava ficando mais agitada. "O que é que isso quer dizer para nós?"

"Estamos lidando com um assassino em série," disse Riley. "Não havia nada doméstico sobre isso. Sua filha pode sequer ter conhecido o assassino. Há toda a probabilidade de que não era pessoal."

A Sra. Newbrough estava chorando agora. Riley imediatamente lamentou sua escolha de palavras.

"Não era pessoal?" A Sra. Newbrough quase gritou. "Como poderia ser qualquer coisa menos pessoal?"

O Senador Newbrough falou com seu filho.

"Robert, por favor leve sua mãe para outro lugar e a acalme. Eu preciso falar com a agente Paige sozinho."

Robert Newbrough levou obedientemente sua mãe dali. O Senador Newbrough não disse nada por um momento. Ele olhou Riley firmemente nos olhos. Ela tinha certeza de que ele estava acostumado a intimidar as pessoas com aquele seu olhar. Mas não funcionava especialmente bem com ela. Ela simplesmente retribuiu o olhar.

Por fim, o senador enfiou a mão no bolso do casaco e tirou um envelope do tamanho de uma carta. Ele caminhou até a cadeira onde ela estava e lhe entregou.

"Aqui," ele disse. Em seguida, ele voltou para o sofá e sentou-se novamente.

"O que é isso?" Riley perguntou.

O senador voltou seu olhar sobre ela mais uma vez.

"Tudo o que você precisa saber," ele respondeu.

Riley estava agora completamente perplexa.

"Posso abrir?" Ela perguntou.

"Certamente."

Riley abriu o envelope. Ele continha uma única folha de papel com duas colunas de nomes. Ela reconheceu alguns deles. Três ou quatro eram jornalistas bem conhecidos no noticiário da TV local. Vários outros foram proeminentes políticos de Virgínia. Riley ficou ainda mais perplexa do que antes.

"Quem são essas pessoas?" Ela perguntou.

"Os meus inimigos," respondeu o senador Newbrough em uma voz calma. "Provavelmente não é uma lista abrangente. Mas esses são os que importam. Alguém aí é o culpado."

Riley estava completamente aturdida agora. Ela ficou ali sentada e nada disse.

"Não estou dizendo que qualquer um nessa lista matou a minha filha diretamente, cara a cara," ele falou. "Mas eles com certeza pagariam alguém para fazê-lo."

Riley falou devagar e com cautela.

"Senador, com todo o respeito, acredito que acabei de comentar que o assassinato de sua filha provavelmente não foi por motivos pessoais. Já houve um assassinato quase idêntico a este."

"Você está dizendo que a minha filha foi alvo puramente por acaso?" Perguntou o senador.

Sim, provavelmente, Riley pensou.

Mas ela sabia que não devia dizer isso em voz alta.

Antes que ela pudesse responder, ele acrescentou, "Agente Paige, eu aprendi com experiências difíceis a não acreditar em coincidências. Não sei por que, ou como, mas a morte da minha filha tem a ver com política. E, na política, tudo é pessoal. Então, não tente me dizer que é qualquer outra coisa, menos pessoal. É o seu trabalho e do Escritório encontrar quem é o responsável e trazê-lo à justiça."

Riley respirou longa e profundamente. Ela estudou o rosto do homem nos mínimos detalhes. Ela podia enxergar agora. O Senador Newbrough era um completo narcisista.

Não que eu devesse estar surpresa, ela pensou.

Riley percebeu mais uma coisa. O senador achava inconcebível que qualquer coisa em sua vida não fosse especificamente sobre ele e apenas ele. Mesmo o assassinato de sua filha tinha a ver com ele. Reba tinha simplesmente ficado presa entre ele e alguém que o odiava. Ele provavelmente acreditava mesmo nisso.

"Senhor," Riley começou, "com todo o respeito, eu não acho -"

"Eu não quero que você pense," interrompeu Newbrough. "Você tem todas as informações que precisa bem na sua frente."

Eles sustentaram o olhar do outro por vários segundos.

"Agente Paige," o senador finalmente disse: "Tenho a sensação de que não estamos na mesma sintonia. Isso é uma pena. Você pode não saber, mas eu tenho bons amigos nos escalões superiores da agência. Alguns deles me devem favores. Vou entrar em contato com eles imediatamente. Preciso de alguém nesse caso que vá fazer o trabalho."

Riley ficou ali, estupefata, sem saber o que dizer. Aquele homem estava delirando tanto assim? O senador levantou-se.

"Vou mandar alguém para acompanhá-la até a saída, agente Paige," disse ele. "Sinto muito que não tenhamos nos entendido."

O Senador Newbrough saiu da sala, deixando Riley sentada ali sozinha. Sua boca estava aberta com o choque. O homem era um narcisista, tudo bem. Mas ela sabia que havia mais do que isso.

Havia algo que o senador estava escondendo.

E não importava o que fosse, ela iria descobrir o que era.

Yaş həddi:
16+
Litresdə buraxılış tarixi:
10 sentyabr 2019
Həcm:
281 səh. 3 illustrasiyalar
ISBN:
9781632915900
Müəllif hüququ sahibi:
Lukeman Literary Management Ltd
Yükləmə formatı:
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